Cartaz do filme O Primo Basílio, com direção de Daniel Filho (Brasil, 2007).
"Basílio não tirava os olhos de Luísa. Sob o véu branco, à luz falsa de gás, no ar enevoado da poeira, o seu rosto tinha uma forma alva e suave, onde os olhos que a noite escurecia punham uma expressão apaixonada(...)"
(O Primo Basílio, de Eça de Queirós)
Li O Primo Basílio nos meus tempos de colégio, e tive a sorte de não ter que lê-lo "para o colégio". Assim, pude desfrutar da leitura sem pressões. Mas não pretendo aqui fazer uma crítica literária, longe de mim - quem sou eu para tanto? A priori, gostaria de registrar minhas lembranças gerais. Esta foi a primeira; a segunda viria numa canção de Marisa Monte, Amor I Love You. Adoro Marisa, mas a música é chatinha - o que não impediu que o trecho falado me chamasse a atenção:
"(...)tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!"
(Capítulo I)
Este trecho do livro, utilizado na música, nos dá uma idéia geral do que sentia a personagem Luísa: casada, não saía de casa, o marido era muito bom, mas nunca tinha lhe escrito "sentimentalidades"... Aí chega o primo, paixão de adolescência (uma amiga minha jura que esta é uma combinação fatal!), cheio de amor pra dar... A mulher fica balançada, né? Quem não ficaria?
Pois bem. Agora podemos entrar na parte que eu queria. Hoje entra em circuito o filme O Primo Basílio, com direção de Daniel Filho e globais no elenco. No filme (que eu ainda não assisti), Luísa é interpretada por Débora Falabella, Jorge (o marido) por Reynaldo Gianechinni e o tal Basílio por um tal de Fábio Assunção. Será que pretendiam causar comoção entre o público feminino? O cinema tem o poder de nos envolver no enredo, nos fazer sentir todas as agruras vividas pelos protagonistas...
Imagine você casada com Gianechinni (que, apesar daquele bigode estranho, continua sendo Gianechinni) e, de repente aparece um Fábio Assunção pra confundir a história? Confunde ou não confunde? E agora José, José para onde? Com quem você ficaria?
O cinema (assim como o teatro) funciona, ao menos neste caso, como linguagem ilustrativa da palavra escrita. Por serem linguagens diferentes, o cinema difere da literatura, no sentido de que torna o enredo de fácil compreensão visual, sem deixar de envolver e emocionar o público. Neste ponto, o filme tem de tudo pra ter sucesso: entre Gianechinni e Assunção, com quem você fica, Luísa?
"Basílio não tirava os olhos de Luísa. Sob o véu branco, à luz falsa de gás, no ar enevoado da poeira, o seu rosto tinha uma forma alva e suave, onde os olhos que a noite escurecia punham uma expressão apaixonada(...)"
(O Primo Basílio, de Eça de Queirós)
Li O Primo Basílio nos meus tempos de colégio, e tive a sorte de não ter que lê-lo "para o colégio". Assim, pude desfrutar da leitura sem pressões. Mas não pretendo aqui fazer uma crítica literária, longe de mim - quem sou eu para tanto? A priori, gostaria de registrar minhas lembranças gerais. Esta foi a primeira; a segunda viria numa canção de Marisa Monte, Amor I Love You. Adoro Marisa, mas a música é chatinha - o que não impediu que o trecho falado me chamasse a atenção:
"(...)tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!"
(Capítulo I)
Este trecho do livro, utilizado na música, nos dá uma idéia geral do que sentia a personagem Luísa: casada, não saía de casa, o marido era muito bom, mas nunca tinha lhe escrito "sentimentalidades"... Aí chega o primo, paixão de adolescência (uma amiga minha jura que esta é uma combinação fatal!), cheio de amor pra dar... A mulher fica balançada, né? Quem não ficaria?
Pois bem. Agora podemos entrar na parte que eu queria. Hoje entra em circuito o filme O Primo Basílio, com direção de Daniel Filho e globais no elenco. No filme (que eu ainda não assisti), Luísa é interpretada por Débora Falabella, Jorge (o marido) por Reynaldo Gianechinni e o tal Basílio por um tal de Fábio Assunção. Será que pretendiam causar comoção entre o público feminino? O cinema tem o poder de nos envolver no enredo, nos fazer sentir todas as agruras vividas pelos protagonistas...
Imagine você casada com Gianechinni (que, apesar daquele bigode estranho, continua sendo Gianechinni) e, de repente aparece um Fábio Assunção pra confundir a história? Confunde ou não confunde? E agora José, José para onde? Com quem você ficaria?
O cinema (assim como o teatro) funciona, ao menos neste caso, como linguagem ilustrativa da palavra escrita. Por serem linguagens diferentes, o cinema difere da literatura, no sentido de que torna o enredo de fácil compreensão visual, sem deixar de envolver e emocionar o público. Neste ponto, o filme tem de tudo pra ter sucesso: entre Gianechinni e Assunção, com quem você fica, Luísa?
Um comentário:
leggere l'intero blog, pretty good
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