12.11.07

Ensaio sobre sombra e luz

Auto-retrato, do sol pra areia da praia, formada por luz e sombra


Somos feitos de sombra e luz. Todos temos um pouco de sombra e um pouco de luz, assim, meio ‘yin yang’.

E não se trata de erradicar a sombra por completo e deixar somente a luz. Porque a sombra faz parte da gente, e luz demais nos deixa atordoados, visto que somos seres imperfeitos. Parafraseando Lispector, nunca se sabe qual o defeito que sustenta o prédio inteiro.

Aprender a conviver com nossa sombra – que não é, necessariamente, nosso lado mau, como parece-nos ao dizer ‘lado sombrio’. Podemos olhar também pelo viés de que é o nosso lado introspectivo, escondido, misterioso. Isso não é ruim.

A sombra e a luz é que nos dão o sentido de profundidade das coisas.
A depender da dosagem de sombra, ou de luz, a percepção de profundidade é alterada. Se há mais luz que sombra, tudo parecerá mais superficial. Mais sombra que luz, profundo demais.

A sombra sozinha nos dá a idéia de algo sem fim, tão profundo que parece não ter fundo. Por outro lado, a luz isolada dá a idéia de que é raso, muito raso (e quando há luz em demasia, pode-se ter um problema em sair achando que tudo é raso). Quando do equilíbrio das duas – voltamos ao ‘yin yang’ –, podemos inquirir a verdadeira profundidade das coisas.

Vim pensando nisso no ônibus. Ao chegar em casa, e pesquisar um pouco no google, descubro que não estou só: muitas pessoas também fizeram esta alegoria.

Raimundo Gomes, mestrando em filosofia, em seu blog, diz que “é na sombra que vemos a profundidade dos espaços”.

O fotógrafo Ângelo Pinto afirma ainda que, em casos extremos, a sombra sugere mais informação que o objeto.

O escultor coreano Lee Yong Deok expõe este pensamento de outra forma, brincando com a profundidade nas suas esculturas através de sombra e luz (mostra A Profundidade da Sombra).

Outro que viaja nessa de luz e sombra é o diretor do Museu de Arte de Macau, Ung Vai Meng, que indaga (inspirado nas esculturas de Lee): “Será devido à reexo de luz forte e fraca que resulta em cambiantes sobrepostas?” (Também não entendi direito o reexo, seria reflexo? Em Macau se fala português, mas não o nosso português).

Junichiro Tanizaki consegue ir mais longe – associa luz e sombra até mesmo à culinária, ao paladar (isso que é sinestesia!). No seu livro Em louvor da sombra, discorre sobre a poesia que há no jogo de luz e sombra na comida japonesa. Num dos trechos, em que fala do doce youkan, chega a dizer que o sabor parece mudar pelo fato de a sombra tê-lo “acrescido de estranha profundidade”.

Porém, uma coisa é certa: quanto mais perto da luz estamos, mais nítida a sombra é projetada.

2 comentários:

Unknown disse...

se e estar ao mesmo tempo, característica vital do ser humano!
Beijos

Unknown disse...

como esse troço ta muito grande para eu elaborar um comentario que mereça respeito , resistrarei aqui palavras (copiadas ) de um amigo !!

Não que eu não goste. Macho que é macho adora poesia. Mas não consegue entender patavina. Isso porque pra ele há apenas três grandes temas que mereçam linhas poéticas: futebol, mulher e cerveja.

Aí surgem os problemas. Quando pensamos num Corinthians e São Paulo e sua carga dramática… Começamos a xingar logo o goleiro e o juiz. Tchau poesia.

Quando pensamos numa mulher realmente deslumbrante, digna dos nossos sonhos, companheira e… Começamos a tirar a roupa. Tchau poesia.

Quando pensamos num copo gelado lotado de uma cerveja na temperatura certa, com um colarinho na medida… Começamos a encher a cara. Tchau poesia.

É complicado demais buscar abstração no mundo dos machos.

bjao bela !!