25.11.07

Conto Instantâneo - Pronto em 3 minutos! (Bela Almeida)

White tiger, de Maria Goldenberg (Sparky-Golden no deviantART)

"- Você talvez precise de um tigre - ela disse."

Ambiciosa

Apollo e Daphne, escultura de Bernini

"Para aqueles fantasmas que passaram,
Vagabundos a quem jurei amar,

Nunca os meus braços lânguidos traçaram
O vôo dum gesto para os alcançar...

Se as minhas mãos em garra se cravaram
Sobre um amor em sangue a palpitar...
- Quantas panteras bárbaras mataram
Só pelo raro gosto de matar!

Minha alma é como a pedra funerária
Erguida na montanha solitária
Interrogando a vibração dos céus!

O amor dum homem? - Terra tão pisada!
Gota de chuva ao vento baloiçada...
Um homem? - Quando eu sonho o amor dum deus!..."

(Ambiciosa, de Florbela Espanca)

17.11.07

Conto Instantâneo - Pronto em 3 minutos! (Bela Almeida)

A corda..., de Nuno Casimiro (nunocasimiro no deviantART)

"Foi dando corda, dando corda... Até não haver mais corda para dar."

14.11.07

Conto Instantâneo - Pronto em 3 minutos! (Bela Almeida)

Death, de André (rurouni26 no deviantART)

"Furiosa, pegou o cortador de charutos e a foice. E foi-se embora."

Madrugada

Upside Down, de Kmye Chan (kmye-chan no deviantART)


Passei a madrugada
derramando poesia

Tcharráfna Ktir

Belly Dance, de Sara (Contrapposto no deviantART)


Quando danço
A vida de mim se apodera
Fazendo-me fera
Mais bela

Consciente do que sou
E do que tenho vontade de ser
Vibrante
Pulsante

Ao som dos címbalos
Darbukkas e Tablas
Fazendo vibrar o Daff
Como vibra meu corpo

E, pulsando
Assim
Envolvida pelos sons místicos
Vou bailando
Num transe mítico

Conto Instantâneo - Pronto em 3 minutos! (Bela Almeida)

Esfinge do sul da Itália, datada do século X, que pertenceu a Freud.


"E a esfinge teve uma indigestão."

12.11.07

Ensaio sobre sombra e luz

Auto-retrato, do sol pra areia da praia, formada por luz e sombra


Somos feitos de sombra e luz. Todos temos um pouco de sombra e um pouco de luz, assim, meio ‘yin yang’.

E não se trata de erradicar a sombra por completo e deixar somente a luz. Porque a sombra faz parte da gente, e luz demais nos deixa atordoados, visto que somos seres imperfeitos. Parafraseando Lispector, nunca se sabe qual o defeito que sustenta o prédio inteiro.

Aprender a conviver com nossa sombra – que não é, necessariamente, nosso lado mau, como parece-nos ao dizer ‘lado sombrio’. Podemos olhar também pelo viés de que é o nosso lado introspectivo, escondido, misterioso. Isso não é ruim.

A sombra e a luz é que nos dão o sentido de profundidade das coisas.
A depender da dosagem de sombra, ou de luz, a percepção de profundidade é alterada. Se há mais luz que sombra, tudo parecerá mais superficial. Mais sombra que luz, profundo demais.

A sombra sozinha nos dá a idéia de algo sem fim, tão profundo que parece não ter fundo. Por outro lado, a luz isolada dá a idéia de que é raso, muito raso (e quando há luz em demasia, pode-se ter um problema em sair achando que tudo é raso). Quando do equilíbrio das duas – voltamos ao ‘yin yang’ –, podemos inquirir a verdadeira profundidade das coisas.

Vim pensando nisso no ônibus. Ao chegar em casa, e pesquisar um pouco no google, descubro que não estou só: muitas pessoas também fizeram esta alegoria.

Raimundo Gomes, mestrando em filosofia, em seu blog, diz que “é na sombra que vemos a profundidade dos espaços”.

O fotógrafo Ângelo Pinto afirma ainda que, em casos extremos, a sombra sugere mais informação que o objeto.

O escultor coreano Lee Yong Deok expõe este pensamento de outra forma, brincando com a profundidade nas suas esculturas através de sombra e luz (mostra A Profundidade da Sombra).

Outro que viaja nessa de luz e sombra é o diretor do Museu de Arte de Macau, Ung Vai Meng, que indaga (inspirado nas esculturas de Lee): “Será devido à reexo de luz forte e fraca que resulta em cambiantes sobrepostas?” (Também não entendi direito o reexo, seria reflexo? Em Macau se fala português, mas não o nosso português).

Junichiro Tanizaki consegue ir mais longe – associa luz e sombra até mesmo à culinária, ao paladar (isso que é sinestesia!). No seu livro Em louvor da sombra, discorre sobre a poesia que há no jogo de luz e sombra na comida japonesa. Num dos trechos, em que fala do doce youkan, chega a dizer que o sabor parece mudar pelo fato de a sombra tê-lo “acrescido de estranha profundidade”.

Porém, uma coisa é certa: quanto mais perto da luz estamos, mais nítida a sombra é projetada.

Como foi que desaprendi de ser humana?

Girl with hair ribbon, de Roy Liechtenstein


"Devo viver entre os homens
Se sou mais pêlo, mais dor
Menos garra e menos carne humana ?
E não tendo armadura
E tendo quase muito de cordeiro
E quase nada da mão que empunha a faca
Devo continuar a caminhada ?

Devo continuar a te dizer palavras
Se a poesia apodrece
Entre as ruínas da CASA que é a tua alma ?
Ai, luz que permanece no meu corpo e cara:
Como foi que desaprendi de ser humana?"


(Hilda Hilst)

Duas constatações

Queda (por TriviaBitter no deviantART)

"O copo cai e
quebra.
O corpo cai e
berra."

(Duas constatações, de Thiago Neloah)

8.11.07

Microconto

Depois da Chuva (de UpaUpa no deviantART)


"Vai nessa que o buraco é raso e a razão é funda."

(Flávio de Almeida)

Conto Instantâneo - Pronto em 3 Minutos! (Bela Almeida)

Porta Chiusa - Vigevano, Lombardia, Itália (por XElYX no deviantART)


"Estranhou aquele adeus. Mas, fechou a porta."

6.11.07

Só deixo meu coração na mão de quem pode

Felicidade em suas Manos, de Luís (lhlins no deviantART)

Não resisti e, ainda inspirada pelo post anterior, compartilho com vocês a letra da música final do filme:

"Só deixo meu coração na mão de quem pode
Fazer da minha alma suporte para uma vida insinuante
Insinuante anti tudo que não possa ser
Bossa Nova Hard Core
Bossa Nova Nota Dez

Quero dizer, eu tô pra tudo nesse mundo
Então, só vou deixar meu coração, a alma do meu corpo, na mão de quem pode
Na mão de quem pode e absorve
Tanto no céu que no inferno
Inspiração de Mutação
Da vagabunda intenção
De se jogar na dança absoluta da matança do que é tédio, conformismo, aceitação

E eu fico aqui, vou te levando nessa dança
Sobre o mundo
Pode tudo do amor
Pode tudo do amor

Porque eu não quero teu ciúme, que é o cúmulo
Ciúme é o acúmulo de dúvida, incerteza de si mesmo, projetado
Assim jogado como lama anti-erótica na cara do desejo mais intenso de ficar com a pessoa
Eu não tô a toa
Eu sou muito boa

Eu sou muito boa pra vida
Eu sou a vida oferecida como dança
E eu não quero "te dar gelo"
Diabos que o carregue

Vê se aprende, se desprende
Vem pra mim que sou a esfinge do amor
Te sussurrando
Decifra-me, decifra-me

Só deixo minha alma, só deixo o coração
Só deixo minha alma na mão de quem pode

Vê se aprende, se desprende

Só deixo minha alma, só deixo meu coração
Na mão de quem ama solto!"

(Só deixo meu coração na mão de quem pode, de Kátia B e Marcos Cunha)

Não Por Acaso

Cena do filme Não Por Acaso

“Só deixo minha alma, só deixo meu coração
Na mão de quem ama solto!”

(Só deixo meu coração na mão de quem pode, de Kátia B e Marcos Cunha)



Acabo de chegar do cinema, onde assisti Não Por Acaso. Um filme que eu, mesmo já tendo comprado o ingresso, tinha pensado em não assistir. Mas, como o próprio nome do filme, não foi por acaso. Mesmo.

Utilizando uma das (muitas) metáforas do filme, a vida é mesmo fluida. E nós somos partículas, fluindo e nos atraindo (ou repelindo) vida afora. Não Por Acaso me botou pra pensar em como as coisas acontecem de maneira louca na nossa vida, e a gente pensa que não tem porquê. Na verdade, a gente nunca sabe o porquê, e é tudo perfeito demais pra achar que é acaso.

Um filme inteligente, que nos põe pra refletir, que fala de amor sem ser piegas, que fala da vida sem clichê, que é um drama, mas não é melancólico. Saí do cinema flutuando, super inspirada. Era o gatilho que faltava para liberar essa felicidade presa cá dentro, sufocada por contas, prazos, falta de grana, estes problemas que existem, mas que muitas vezes a gente superestima.

Como nada é por acaso, acontecimentos recentes se juntaram à minha interpretação do filme e tomaram significados diferentes – muitos passaram mesmo a fazer sentido. “Deixe de lado o medo, as decisões pertencem a você!”

E não é por acaso. Não mesmo.


P.S.: Uma das últimas cenas do filme, a do café (que não vou detalhar, pra não perder a graça pros que ainda não assistiram), reitera meu primeiro post neste blog. Será que existem muitos Pedros por aí, capazes de grandiosos gestos pequenos?

5.11.07

Vida

Gargalhada, de Sarah Lee (Rockleesett no deviantART)

"A vida é uma piada cósmica.
Ela não é um fenômeno sério.
Leve-a a sério e você continuará a perdê-la.
Ela é compreendida apenas através da risada."

(Osho)

...

Masked Face 6, por Joey (Vapor2005 no deviantART)


Quem é
este ilustre (quase) desconhecido
que aparece
todos os dias
nos espiões do meu
orkut?

Que quer
aparecendo
tout-les-jours
entre os
bisbilhoteiros
do meu orkut?

Que pensa
que pensarei
ao vê-lo
hoje e amanhã
e depois
dentre os voyeurs
do meu
orkut?

(Talvez por
tê-lo eu feito
também?)

Quando
este ilustre (não tão) desconhecido,
não-anônimo,
passará
a
ilustre (então) conhecido?

...

A Coluna Quebrada, de Frida Kahlo

Este
não é o meu eu lírico
É o meu eu íntimo
o meu eu empírico
o meu eu vívido

E abusarei
de licenças poéticas
'proséticas'
proféticas
impunes

E não pedirei licença.

2.11.07

Conto Instantâneo - Pronto em 3 Minutos! (Carol Sá)


"No altar a cruz caiu em sua cabeça. O casamento acabou!"

(Carol Sá)

1.11.07

Conto Instantâneo - Pronto em 3 Minutos! (Bela Almeida)

Fotografia retirada do site Casa dos Poemas (http://www.casadospoemas.com.br/ntc/default.asp?Cod=14)

"Tinha a faca e o queijo na mão. Mas faltava a goiabada!"

Pronto,
meu primeiro
microconto!